Significado do
Jiu-Jitsu
O Jiu Jitsu (柔術, pronuncia-se em japonês
“dju-djutsu”, literalmente “Arte Suave”, “Técnica Suave” ou “Arte Flexível”),
também romanizado algumas vezes como Ju-jitsu ou Ju-jutsu (principalmente
quando se faz referência a estilos tradicionais). Tony Ferraz
Conheça algumas nomenclaturas utilizadas no Japão para essas
artes eram: Taijutsu, Yawara, Judô (estilo marcial da era Edo, muito diferente
do Judô atual), Kogusoku, Torite, Kenpo, Hakuda, Shubaku, embora sejam todas
popularmente e tradicionalmente conhecidas genericamente como Jiu-Jitsu.
Normalmente Kogusoku e Torite se referiam a métodos de captura, e Taijutsu e
Judô geralmente se referiam a prática de luta corporal com armas e arremessos.
Origem
O Jiu Jitsu é uma arte marcial que tem diversas histórias
para sua origem. Muitos acreditam que essa arte marcial teve origem no Japão,
outros falam que surgiu na Índia, onde era praticado por monges budistas, que
levou a arte para China e depois Japão, quando expandia o próprio budismo, e
muitos outros que nasceu na China, além dessas histórias temos também muitas
outras que falam do surgimento do Jiu Jitsu, como a do médico Akiyama Shirobei
que foi de Nagasaki no Japão para China, aprendendo Hakuda (técnica de luta
tradicional chinesa) e quando retornou, criou o Jiu Jitsu, mas essa versão da
origem do Jiu Jitsu não é confiável afirmar, pois só a escola Yoshin reconhece
essa história. Falam que Chen Yuan Ping, no século XVII, levou as técnicas de
Jiu Jitsu da China para o Japão, e que ele ensinou três Ronin (samurais sem
senhor), Fukuno Hichiroemon, Miura Yojiemon e Isogai Jirozamon, que inspirados
pelos conceitos básicos, desenvolveram um estilo próprio de Jiu Jitsu, sendo
que textos tradicionais japoneses mostram que Chen Yuan Ping, levou apenas o
Kempô ou Hakuda para o Japão em 1659, até porque os livros chineses da época,
mostram que essas técnicas eram basicamente de chutes e empurrões, o que torna
difícil que essas técnicas tenham progredido para uma arte tão refinada
tecnicamente quanto o Jiu-Jitsu japonês, também tem a teoria que a arte suave
originou-se na Era dos Deuses, e é uma invenção puramente japonesa, assim como
o Sumô, que é a arte mais antiga do país, tendo em vista a cultura de guerra
dos japoneses e fato dos povos selvagens utilizarem em sua maioria técnicas de
grappling, o mais provável, que as técnicas tenham evoluído a partir de um
embrião de luta-agarrada, como o Sumô, que foi modificada durante séculos
através dos conceitos chineses do Ju (suavidade).
“A primeira menção escrita sobre o Jiu-Jitsu está presente
no livro “Judô Higakusho” (Registros secretos do Judô), da era Edo (1600-1868)
que afirma: “Grappling foi popular desde o período Esei (1504-20 A.D.)””.
Hisamori Tenenuchi, foi o fundador da primeira Escola de
Jiu-Jitsu no Japão, em 1532, quando houve o primeiro registro da palavra
jiu-jitsu. Só quando Jigoro Kano, mestre japonês, membro do departamento
cultural, que praticava jiu-jitsu, que a arte começou a ser bem vista. Jigoro
Kano revolucionou a técnica, criando seu próprio estilo no final de 1800 e
chamou de judô, com os mesmos fundamentos do jiu-jitsu.
Segundo Jigoro Kano, o que se pode dizer com certeza é que o
Jiu Jitsu evoluiu através de diversas gerações e graças a genialidade de várias
pessoas. Acreditasse que sua popularidade não aconteceu antes do meado do
século XVII, ou seja, da época de Chen Yuan Ping.
O Jiu Jitsu só começou realmente a se desenvolver no Japão,
quando a guerra cessou e os Samurais passaram ocupar posições políticas e com
isso tinham mais tempo para se dedicar as artes e inclusive ao Jiu Jitsu, os
cidadãos comuns que foram proibidos de utilizar armas, também praticavam a arte
suave. A rivalidade entre as escolas de Jiu Jitsu motivou mais ainda a evolução
dessa arte.
Mesmo com tantas divergências foi nessa época o Jiu Jitsu se
diferenciava das técnicas rígidas nas quais usava-se armas, como espadas e
punhais. Os japoneses diziam que o Jiu Jitsu é técnica de autodefesa ligada ao
pensamento budista e na inteligência, não sendo necessário o uso de força
bruta.
O Jiu-Jitsu, assim, nascia de sua contraposição ao kenjutsu e
outras artes ditas rígidas, em que os combatentes portavam espadas ou outras
armas.
A arte suave teve novos rumos quando o instrutor da escola
japonesa Kodokan decidiu viajar pelo mundo provando a eficiência de seus
estrangulamentos e chaves de braços contra os oponentes de todos os tamanhos e
estilos. O eterno defensor das técnicas de defesa pessoal do Jiu Jitsu,
“Mitsuyo Maeda, filho de lutador de sumô nascido no povoado de Funazawa, cidade
de Hirosaki, Aomori, no Japão, em 18 de novembro de 1878, e falecido em Belém
do Pará a 28 de novembro de 1941.” Foi para os Estados Unidos com outros
professores da escola Jigoro Kano em 1904, devido aos laços políticos e
econômicos entre os dois países, as técnicas japonesas tinha diversos
admiradores, inclusive o presidente Theodore Roosevelt teve aulas como o
japonês Yoshitsugu Yamashita.
O ágil japonês de 1,64m e 68Kg colecionou milhares de
combates com adversários que encontrou pelo caminho, em diversos países como
Inglaterra, Bélgica e Espanha, onde sua postura nobre fez nascer o apelido que
o consagrou, Conde Koma, o lutador não parou por aí, fez diversas apresentações
e desafios em países como El Salvador, Costa Rica, Honduras, Panamá, Colômbia,
Equador, Peru, Chile e Argentina, só em julho de 1914 Conde Koma desembarcou no
Brasil para fazer história.
Jiu Jitsu no Brasil
O japonês Mitsuyo Maeda (conhecido como Conde Koma) viajou
pelo Brasil, mas se estabeleceu em Belém do Pará, depois de colecionar várias
histórias durante sua viaje. Uma vez Conde Koma encarou o desafio do
capoeirista conhecido como “Pé de Bola” que tinha 1,90m e quase 100kg, Maeda
ainda deixou o seu rival portar uma faca, mas isso não foi suficiente para
deter o japonês, que desarmou, derrubou e finalizou o brasileiro, Conde Koma
sempre lançava desafios para rivais famosos do boxe, e fez o mesmo com Jack
Johnson que não aceitou o desafio.
Conde Koma promoveu o primeiro Campeonato de Jiu Jitsu no
país, o que na verdade era um festival com diversas lutas e desafios para
promover o Jiu Jitsu que até o momento não era conhecido por todos.
Os pesquisadores Luiz Otávio Laydner e Fabio Quio Takao
encontram na Gazeta de Notícias de 11 de março de 1915, as primeiras regras
deste evento, realizado no Teatro Carlos Gomes, na capital do Brasil, na época
Rio de Janeiro. Conde Koma anunciava o Regulamento com 10 regras simples:
1. Todo lutador deverá se apresentar decentemente, com as
unhas das mãos e dos pés perfeitamente cortadas;
2. Deverá usar traje kimono, que o Conde Koma lhe
facilitará;
3. Não é permitido morder, arranhar, pegar com a cabeça ou
com o punho;
4. Quando se fizer uso do pé nunca se fará com a ponta e sim
com a curva;
5. Não se considera vencido o que tenha as espáduas [costas]
em terra ainda que tenha caído primeiro;
6. O que se considera vencido o demonstrará dando três
palmadas sobre o acolchoado ou sobre o corpo do adversário;
7. O juiz considerará vencido o que por efeito da luta não
se recorde que deve dar três palmadas;
8. As lutas se dividirão em rounds ou encontros de cinco
minutos por dois de descanso. Tendo o juiz de campo que contar os minutos em
voz alta para maior compreensão do público;
9. Se os lutadores caírem fora do tapete, sem que nenhum
deles tenha avisado, o Sr. Juiz deve obrigá-los a colocar-se de novo no centro
do acolchoado, em pé, frente a frente;
10. Substituirão em suas obrigações ao sr. Juiz os srs.
Jurados. Nem a empresa nem o lutador que vencer é responsável pelo maior mal
que possa sobrevir ao vencido, se por tenacidade não quiser dar o sinal
convencionado para terminar a luta e declarar-se vencido.
Na época de Maeda havia uma confusão quanto ao nome, até
mesmo no Japão, pois o termo “ju jutsu” ou “kano ju-jutsu” era utilizado quando
se referia a parte técnica, e o termo judô quando era a parte filosófica, mas
1925 o governo japonês oficializou o nome judô para a luta que era ensinada nas
escolas públicas, mas no Brasil o termo judô ainda não tinha sido oficializado,
os brasileiros chamavam de jiu jitsu. O Jiu Jitsu Brasileiro, ou como conhecido
lá fora, o Brazilian Jiu Jitsu ou BJJ (também pode ser Jujitsu ou jujutsu).
Em 1917, Carlos Gracie (1902 – 1994), viu na cidade de
Belém, uma apresentação do japonês Conde Koma, que utiliza técnicas de dominar
e finalizar grandes lutadores da região. Conde Koma amigo de Gastão Gracie concordou
em ensinar o seu filho o inquieto Carlos Gracie e outros brasileiros como Luiz
França que depois viria a ser mestre de Oswaldo Fadda. Conde Koma ensinava a
esses garotos os conceitos de sua arte para defesa, tanto em pé como no chão,
sendo que a força do oponente deveria ser a arma para a vitória; o uso de
chutes baixos e cotoveladas ajudava a se aproximar do adversário, para daí
leva-lo ao chão. Para evolução nos treinos, lançava mão do randori, o
treino à vera com um companheiro.
Apesar da mãe de Carlos Gracie sonhar em ter mais um
diplomata da família, Carlos se dedicou ao Jiu-Jitsu onde foi um aluno fiel e
seu amor pela arte foi incutida em seus irmãos Oswaldo, Gastão Jr., George,
Helena, Helio, Mary e Ilka. Em 1925 foi fundada a primeira Academia de
Jiu-Jitsu da família Gracie, que criou um slogan que foi divulgado nos jornais
“Se você quer ter um braço quebrado procure a academia Gracie”.
Carlos Gracie teria 21 filhos, sendo que 13 deles se
tornariam faixas-pretas, Carlos foi o primeiro membro da família a participar
de uma luta sem regras, a que chamou de “vale tudo”. Carlos Gracie enfrentou em
1924, no Rio de Janeiro, o estivador Samuel, atleta de capoeira.
As inovações nas técnicas do jiu-jitsu foram promovidas pelo
seu irmão Hélio Gracie instrutor de corpo franzino que tinha um espirito
indomável.
No Rio de Janeiro os Gracie continuaram com os desafios a
capoeiristas, estivadores e valentões de todas as origens e tamanhos. Em pé os
desafiantes botavam medo, mas no chão viravam presa fácil para os botes e
estrangulamentos que os capturavam como mágica.
A família Gracie acumulou diversas vitórias em lutas sem
regras e virando lendas e manchetes nas primeiras páginas. Os alunos famosos
também – artistas, arquitetos, ministros de estado, prefeitos,
governadores, cirurgiões e doutores de todos os ofícios.
Os campeonatos entre praticantes com regras exclusivas do
jiu-jitsu foram se fortalecendo e tendo a participação de dezenas de academias
diferentes.
Carlson Gracie pegou o bastão do seu tio Hélio nos anos de
1960, ficando na linha de frente do clã no vale-tudo, nesse momento foi dado um
passo a consolidação do Jiu-Jitsu Esportivo.
A Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, no Rio de Janeiro,
foi fundada em 1967, sob autorização da Confederação Nacional de Desportos do
país. Foram criadas regras mesmo que ainda primitivas, oficializando tempo e
pontuações nos campeonatos como: manobras como queda, montada de frente com
dois joelhos no chão e pegada pelas costas rendiam um ponto ao competidor. A
duração dos combates na categoria adulta era de cinco minutos, com prorrogação
de três.
O presidente da Federação era Helio Gracie, e o presidente
do Conselho Consultivo era Carlos. Seu primogênito, Carlson, era o diretor do
departamento técnico. O primeiro vice técnico era Oswaldo Fadda e o segundo,
Orlando Barradas – ambos professores de Jiu-Jitsu. João Alberto Barreto,
notável aluno dos Gracie, foi nomeado diretor do departamento de ensino, que
tinha como vice-diretor um irmão de Carlson, Robson Gracie – todos hoje grandes
mestres da arte.
Nos anos 1990, a arte teve um novo boom. Em duas
frentes: criado por Rorion Gracie em 1993, o Ultimate Fighting
Championship deu o pontapé inicial (no queixo) no esporte midiático
conhecido hoje como MMA. A partir do ídolo Royce Gracie, e com o suor derramado
por irmãos e primos aparentemente invencíveis como Rickson, Renzo, Ralph,
Royler, Ryan, Carley e companhia, o Jiu-Jitsu como arma de defesa pessoal
estava consagrado.
Em outra frente, Carlos Gracie Jr. seguiu a obra do pai na
organização dos campeonatos e no fortalecimento da arte como esporte regulado.
Estava criada, assim, em 1994, a Federação Internacional de Jiu-Jitsu,
assim como a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu, filiada ao Comitê
Olímpico Brasileiro, que hoje promovem torneios para mais de 3 mil atletas de
mais de 50 países, como o Campeonato Mundial, realizado anualmente desde 1996.
A técnica Jiu-Jitsu
Para derrubar o adversário utiliza-se a força e o peso do
adversário contra ele, sendo permitido, inclusive, lançar o adversário em
queda. São utilizadas saídas de gravata, contra-golpes, esquivas e etc. Mas as
técnicas principais do jiu-jitsu, são os golpes que buscam imobilizar e
neutralizar o adversário, através de estrangulamentos e torções das
articulações, como braço, tornozelo, etc. É permitido o uso dessas técnicas de
luta de chão, com ambos deitados.
São proibidas atitudes como: atingir os órgãos genitais,
morder, enfiar os dedos nos olhos, puxar cabelo, torcer dedos, etc.
A área onde ocorre a luta, o tatame, deve ter no mínimo
64,00 m2 e no máximo 100 m2. Se a área total é de 64 m2, a área interna, onde a
luta irá acontecer, deve ser de 36,00 m2. O restante é considerado área de
Segurança, e deve ter cor diferente.
Fontes: