Criado no Japão, em 1882, por Jigoro Kano, tendo sido
baseado no “jujutsu” – uma arte marcial praticada pelos cavaleiros do Kamakura
entre os séculos XII e XIV – e em outras artes marciais do Oriente, que o
Mestre Jigoro Kano fundiu num só desporto.
Durante anos, o jovem Jigoro Kano se dedicou a fazer um
estudo completo sobre as antigas formas de autodefesa e, procurando encontrar
explicações científicas aos golpes, baseadas em leis de dinâmica, ação e
reação, selecionou e classificou as melhores técnicas dos vários sistemas de
Ju-jutsu em um novo estilo chamado de Judô, ou "caminho suave" - Ju
(suave) e Do (caminho ou via).
Em fevereiro de 1882, o mestre Kano fundou o Instituto
Kodokan no bairro de Shimoya, em Tóquio. O termo Kodokan se decompõe em ko
(palestra, estudo, método), do (caminho ou via) e kan (Instituto). Assim,
significa "um lugar para estudar o caminho", o que explica muito bem
a intenção do fundador da arte. Além de tornar o ensino da arte marcial como um
esporte, Jigoro Kano desenvolveu uma linha filosófica baseada no conceito
ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito) e um código moral. Assim, ele pretendeu
que a prática do Judô fortalecesse o físico, a mente e o espírito de forma
integrada.
Com seu trabalho, Jigoro Kano conseguiu criar uma modalidade
que não se restringe a homens com vigor físico, se estendendo a mulheres,
crianças e idosos, de qualquer altura e peso.
Esporte olímpico
Prosseguindo com a organização da Kodokan e buscando aprovar
os regulamentos do Judô, Mestre Kano tornou-se o primeiro membro asiático do
Comitê Olímpico Internacional em 1909 e trabalhou para a propagação do esporte
no mundo todo. Em 1932, o Mestre Jigoro Kano levou 200 alunos aos Jogos
Olímpicos de Los Angeles onde fizeram uma demonstração que aguçou a curiosidade
de todos os presentes. Em 1964, o judô integrou os Jogos Olímpicos de Tóquio apenas
como demonstração e passou a valer medalha a partir de Munique, em 1972
como desporto masculino. Somente 20 anos mais tarde, em Barcelona, as mulheres
foram aceitas e começaram a competir. Hoje, a modalidade também integra os
Jogos Paralímpicos e os Jogos Olímpicos Especiais.
O judô é o esporte individual que mais deu medalhas
olímpicas para o Brasil. São 22, sendo 4 ouros, três pratas e 15 bronzes.
Jigoro Kano
Ao longo de sua vida, Jigoro Kano alcançou o doutorado em
Judô, uma graduação equivalente ao 12º Dan, honraria concedida apenas ao
criador do esporte. Ele trabalhou constantemente para garantir o
desenvolvimento do atletismo e do esporte japonês de uma maneira em geral e,
como resultado de seus esforços, muitas vezes é chamado de "Pai dos
Esportes Japoneses”. Em 1935, ele foi premiado com o prêmio Asahi por sua
excepcional contribuição para a organização do esporte no Japão durante sua
vida. O Mestre Jigoro Kano faleceu em 1938, com 78 anos de idade.
A Introdução do Judô no Brasil*
A imigração japonesa foi o fator mais importante para o
surgimento do judô no Brasil. A influência exercida por lutadores profissionais
representantes de diversas escolas de ju-jutsu japonês também contribuiu para o
desenvolvimento do judô. O início do Judô no Brasil ocorreu sem instituições
organizadoras. Apenas na década de 1920 e início dos anos 1930 chegaram ao
Brasil os imigrantes que conseguiram organizar as práticas do judô e kendô no
país. Em São Paulo, destaque para Tatsuo Okoshi (1924), Katsutoshi Naito
(1929), Tokuzo Terazaki (1929 em Belém e 1933 em São Paulo), Yassuishi Ono
(1928), Sobei Tani (1931) e Ryuzo Ogawa (1934). Takaji Saigo e Geo Omori, ambos
com vínculo na Kodokan, chegaram a abrir academias em São Paulo na década de
1920, porém, essa atividade não teve continuidade. Na década de 1930 Omori foi
instrutor na Associação Cristã de Moços no Rio de Janeiro e, posteriormente, se
radicou em Minas Gerais. No norte do Paraná, nas cidades de Assaí, Uraí e
Londrina, o judô deu seus primeiros passos com Sadai Ishihara (1932) e Shunzo
Shimada (1935). Os primeiros professores a chegarem ao Rio de Janeiro, foram
Masami Ogino (1934), Takeo Yano (1931), Yoshimasa Nagashima (1935-6 em São
Paulo e 1950 no Rio de Janeiro) e Geo Omori, vindo de São Paulo (1930
aproximadamente).
A chegada dos primeiros professores-lutadores também deixou
o seu legado. Dentre os pioneiros se destacaram, Mitsuyo Maeda e Soishiro
(Shinjiro) Satake, alunos de Jigoro Kano. Eisei Mitsuyo Maeda, também chamado
Conde Koma, chegou ao Brasil em 14 de novembro de 1914, entrando no país por
Porto Alegre. Junto com ele chegaram Satake, Laku, Okura e Shimisu. Em 18 de
dezembro de 1915 a trupe de lutadores chegou a Manaus, mas antes disso rodou o
Brasil em demonstrações e desafios. Conde Koma se radicou em Belém do Pará, em
1921, enquanto Satake ficou em Manaus, onde ministrava aulas no Bairro da
Cachoeirinha ainda na década de 20. Maeda fundou sua primeira academia de judô
no Brasil no Clube do Remo, bairro da cidade velha. A contribuição dos
imigrantes japoneses que divulgaram o judô parece ter sido mais importante do
que a contribuição de Conde Koma, e seus companheiros lutadores. Da chegada do
Kasato Maru ao Brasil (1908) até a Segunda Guerra Mundial, os nomes e as
práticas se confundiam. Encontra-se na literatura judô, jiu-do, jujutsu,
jiu-jitsu e ainda jiu-jitsu Kano, muitas vezes para designar a mesma prática. A
institucionalização do esporte, inicialmente organizada pela colônia japonesa,
depois sob o controle da Confederação Brasileira de Pugilismo e finalmente a
criação da Confederação Brasileira de Judô foram os passos para a diferenciação
das práticas de luta e a organização do judô no país.
A Criação da
Confederação Brasileira de Judô
A primeira instituição a ‘coordenar’ o desenvolvimento do
judô kodokan no Brasil foi a Ju-kendo-Renmei a partir de 1933 em São Paulo e
1937 no Paraná. A partir do ingresso do judô como modalidade olímpica nos Jogos
de Tokyo em 1964, passaram-se a se organizar as instituições federativas do
judô brasileiro. A Confederação Brasileira de Judô foi fundada em 18 de março
de 1969, sendo reconhecida em 1972, quando o Brasil conquistou a primeira
medalha olímpica. A partir de 1984 o país estabeleceu uma tradição vitoriosa em
Jogos Olímpicos, conquistando medalhas em todas as edições. Com federações nos
27 estados e mais de um milhão de praticantes, o judô assumiu, em 2012, a
posição de esporte brasileiro com maior número de medalhas em edições dos jogos
olímpicos. Além da tradição vitoriosa a CBJ possui uma estrutura moderna e
organizada, proporcionando a seus atletas, treinadores e demais membros das
comissões técnicas uma excelente estrutura de treinamentos e competições. Desta
forma captou grande número de apoiadores e patrocinadores, já que sua marca é
confiável e vitoriosa. O Campeonato Mundial de Judô foi realizado no Brasil em
1965, 2007 e 2013.
Os Presidentes que já
passaram pela CBJ
1969-1979 -Augusto de Oliveira Cordeiro
1980-1981 -Miguel Martins Fernandez
1982-1984 -Sérgio Adib Bahi
1985-1990 -Joaquim Mamede de Carvalho e Silva
1991-2000 -Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Júnior
2001- 2017 - Paulo Wanderley Teixeira
2017 - Atualmente - Silvio Acácio Borges
(Atualmente os mandatos da CBJ são de 04 anos, porém já
ocorreram mandatos de 2 e 3 anos no período de 1969 a 1990.)
Código Moral
Visando fortalecer o caráter filosófico da prática do judô e
fazer com que os praticantes do judô crescessem como pessoas, o mestre Jigoro
Kano idealizou um código moral baseado em oito princípios básicos:
- Cortesia, para ser educado no trato com os outros;
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura;
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e
ações;
- Honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com
seus princípios;
- Modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta;
- Respeito, para conviver harmoniosamente com os outros;
- Autocontrole, para estar no comando das suas emoções;
- Amizade, para ser um bom companheiro e amigo.
Judô feminino
A história do judô feminino começou quando parentes, esposas
e irmãs dos alunos que já praticavam se interessaram pela arte desenvolvida por
Jigoro Kano, em 1882. No início, o esporte era praticado pelas mulheres de
forma simplificada, devido à rígida sociedade oriental, com treinos
rudimentares e somente entre elas. Entretanto, essa iniciação foi importante
para popularizar a modalidade e os conhecimentos que viriam a ser difundidos
com mais abrangência entre as mulheres pelos próximos anos.
Assim, no ano de 1923, o tradicional instituto Kodokan, que é o centro de treinamento de artes marciais no Japão, fundou um departamento segmentado exclusivamente para o judô feminino. Com o passar dos anos, o judô migrou para vários cantos do mundo, passando a ser estudado por mulheres mundialmente, no ano de 1934. Essa arte marcial está nas olimpíadas desde 1964, mas só começou a ser disputada por mulheres em 1992. No ano de 2000, foi oficializada como disputa fixa entre elas.
Ketleyn Quadros foi a primeira mulher brasileira a chegar ao
pódio olímpico em um esporte individual conquistando a medalha de bronze na
categoria leve. O primeiro ouro veio nos Jogos de Londres em 2012, com piauiense
Sarah Menezes no superligeiro. Neste mesmo evento a atleta Mayra Aguiar
conquistou o bronze no meio pesado (78kg) em 2016, ela conquistou o seu segundo
bronze. O segundo ouro feminino foi conquistado nas olimpíadas do Rio em 2016,
com a atleta Rafaela Silva no peso leve feminino (57kg), o que fez dela a
única judoca brasileira campeã olímpica e mundial.
Fonte: CBJ lutas artes marciais Agência Uva