Os sete Deuses da sorte (Shichifukujin) também conhecidos como os sete Deuses da Felicidade ou os sete Deuses da Boa fortuna fazem parte da cultura e do folclore japonês incluindo o Xintoísmo, Taoísmo e Budismo. Vindo de diferentes partes da Ásia, principalmente da China, Índia e Japão e consequentemente de várias outras religiões. Foram popularizados na Era Edo (sec. XVII) pelos agricultores, comerciantes e artesões.
A palavra Shichifukujin (七福神)
é composta de três palavras Shichi (sete) Fuku (sorte) jin (deuses) são
divindades retratadas (de aparência cômica) juntos à bordo de um navio do
tesouro (takarabune). Assim como para nós, o Papai Noel tem seu trenó,
juntamente com as renas, os sete deuses têm sua Takarabune (arca do
tesouro). Os deuses chegam a cada dia 31 de dezembro, no Ano Novo (O Shougatsu),
em seu navio de tesouro para distribuir presentes de felicidade, fortuna e
sorte.
Os Sete Deuses da Felicidade são
conhecidos por trazerem sucesso na carreira profissional e nos negócios,
proporcionar segurança à família, atrair dinheiro e muita sorte; por isso podem
ser encontrados, expostos em estabelecimentos comerciais e casas particulares. Tornando-se
popular a crença de que dormir com esta imagem atrai a boa fortuna nos negócios
e o bem-estar.
Desconhecido do público ocidental
esta lenda originou-se na cidade de Kyoto, através da adoração das figuras de
altos oficiais, que representavam as religiões (budismo, xintoísmo e taoísmo)
para os quais as pessoas passaram a rezar por colheitas abundantes e
prosperidade do país. Esta crença começou aproximadamente há 500 anos quando a
economia do Japão estava em crise devido a inúmeras guerras da era Muromachi
(1392-1573) e na esperança de ganhos momentâneos que atenuassem os tempos
difíceis.
Durante este período, os negócios
comerciais passaram a tomar forma e as pessoas a desenvolver um senso de
individualismo e busca por benefícios próprios. Quando a cultura popular
começou a florescer - período “Edo” ou Tokugawa (1603-1868), os Sete Deuses da
Sorte, tornaram-se bastante cultuados. Deu-se o início à peregrinação
shichifukunjin de visita aos templos e santuários associados aos deuses com o
intuito de pedi o bem-estar da família e o sucesso nos negócios.
Origem dos deuses
Dentre os 7 deuses, apenas um tem
sua origem no Japão, o Ebisu. Os outros seis deuses são originários de outras
culturas, como China e Índia, sendo assimilados ao longo dos séculos pela mitologia
e cultura japonesa. Veja abaixo a origem de cada um deles.
- Daikokuten, Bishamonten e Benzaiten - originárias do panteão hindu-budista da Índia
- Hotei, Jurojin e Fukurokuju vieram das tradições taoísta-budistas da China
- Ebisu é nativa da tradição xintoísta do Japão
Os shichifukunjin vem de diversas origens
religiosas, incluindo xintoísmo, budismo e hinduísmo. Cada divindade representa
diferentes virtudes e aspectos da prosperidade, tornando-os parte integrante
das crenças e tradições espirituais japonesas. Desde os tempos antigos até os
dias atuais, os Shichifukujin desempenharam um papel significativo na
arte, no folclore e na vida cotidiana no Japão, oferecendo esperança e
inspiração às pessoas que buscam sorte e sucesso.
Geralmente, eles são representados
a bordo de um barco do tesouro (em japonês, “takarabune”) e são retratados
juntos em pinturas, esculturas, músicas e danças. No Japão, muitos templos e
santuários são dedicados a um dos deuses e, raramente, ao grupo todo.
Conheça os 7 deuses da sorte e da fortuna
Benzaiten (弁財天) - deusa das artes, do conhecimento e da beleza
Sendo a única mulher deste grupo
Benzaiten ou Benten, nome japonês dado a deusa hindu Saraswati (deusa indiana)
que segundo a lenda é a terceira filha do Rei Dragão de Munetsuchi e que pode
se transformar em uma serpente.
Na Índia, segundo a lenda a deusa
Benzaiten (chamada de Saraswati) originalmente é representada como 4 braços
(onde ela segura um item simbólico em cada mão, incluindo uma flor de lótus, um
instrumento musical, um livro ou manuscrito e um rosário ou colar de contas de
oração). Para os japoneses sua imagem é de uma mulher bonita de longos cabelos
escuros com dois braços, segurando um bandolim japonês (biwa) e geralmente
sentada sobre um dragão ou serpente representando assim seu domínio sobre as
artes e a música.
Benzaiten é considerada a deusa
japonesa do mar, das artes em geral, do amor e da beleza. Esta deusa também
traz sorte, fartura, da sabedoria para ter sucesso nas batalhas e também nos
estudos. Dizem que sonhar com uma serpente branca é sinal de boa sorte.
Ela é a deusa de tudo o que flui:
água, voz, música, discursos, e por consequência o conhecimento e qualquer tipo
de arte. Geralmente, os templos em sua homenagem ficam próximos ao mar. Nos
contos épicos japoneses muitos samurais lendários, deparam com Benzaiten em
momentos difíceis e receberam dela orientações.
Os dragões e as serpentes são seus
animais sagrados; as serpentes, especialmente, são suas mensageiras e por vezes
a deusa aparece sob esta forma. É considerada a deusa que previne os terremotos
e cuida das ilhas, especialmente a de Enoshima, onde se encontra seu principal
templo.
Veja agora algumas crenças em
relação a esta deusa. Dentre as crenças temos: colocar na carteira um pedaço de
pele de cobra pode-se atrair dinheiro. As mulheres que queriam dar à luz a uma
filha menina bonita passavam horas meditando em seus templos. Tinha uma pérola,
amuleto de sabedoria, que realizava desejos. Possuir uma pintura ou estatueta
dessa deusa garante saúde, beleza e desenvolve talentos artísticos.
Bishamon ou Bishamonten (毘沙門天) – Deus da Guerra e dos guerreiros
Bishamon, Bishamonten ou Tamonten
tem origem Hindu e se caracteriza vestido com armadura, capacete, uma lança e
um recipiente em forma de templo. É considerado o protetor dos lugares por onde
Budha pregou e se tornou uma divindade budista da Índia, defensor da paz, dos
justos e da lei budista.
Considerado símbolo de autoridade e
tinha o poder de salvar os imperadores de doenças graves, de expulsar os
demônios e a peste. Ele vive no meio da montanha sagrada de Sumeru. Traz boa
sorte na batalha e na defesa e distribui tesouros e boa sorte aos pobres e
pessoas dignas.
Ter sua figura desse deus em casa
afugenta ladrões e preserva os bens da família.
Daikokuten ou Daikoku (大黒天) - Deus da riqueza, da agricultura e do Comércio
Este deus tem origem na Índia e
chegou ao Japão via o Tibete e China. Sua imagem tanto em forma de estatueta ou
de pintura, garante progresso profissional e enriquecimento ligado ao trabalho.
Sua imagem por ser associada a alimentos é muito utilizada em cozinhas e casa
particulares. É um dos deuses mais alegres.
Considerado deus da riqueza, comércio,
fazendeiros, cozinheiros. Costuma ser representado como um homem gordo sobre fardos
de arroz, sorrindo, usando roupas de caça antiga, capuz ou gorro, com uma
protuberante barriga indicando que está bem alimentado e próspero, traz na mão
um martelo de madeira (Uchide – no-kozuchi) que segunda a lenda, a cada batida
faz surgir moedas de ouro (simbolicamente cada martelada representa trabalho) e
um saco no ombro onde carrega consigo alguns tesouros que antigamente era arroz
para superar a fome. Hoje, dinheiro, outros dizem que é paciência e sabedoria e
no futuro...? Devido à sua associação com cozinha e alimentos, imagens de
Daikoku são muito comuns nas cozinhas dos mosteiros budistas e casas
particulares.
Daikokuten simboliza prosperidade,
riqueza, fartura, trabalho e produção. Quem pensa em ter riquezas financeiras
tendem a adorar esse deus. É muito popular entre os agricultores japoneses,
pois protege as colheitas.
Ebisu (恵比須) - Deus dos pescadores, comércio e riqueza
Dentre os sete Deuses, Ebisu é o
único que tem sua origem no Japão. Por
ter vindo do mar Ebisu é considerado o Deus dos pescadores e dos mares,
guardião das viagens marítimas é também das plantações de arroz, da agricultura
em geral e dos comerciantes.
Com seu rosto sorridente,
característica que deu origem a expressão japonesa “Ebisu kao” rosto de Ebisu,
que significa que a pessoa está sorrindo e feliz. Normalmente é retratado segurando
uma vara de pescar na mão direita e um peixe grande na mão esquerda.
Agricultores, fornecedores e
comerciantes adotaram Ebisu por representar prosperidade em troca de seu
trabalho duro. Sua imagem em um estabelecimento garante sucesso nos negócios.
Tornando-se assim o Deus mais popular dentre os sete Deuses.
Dizem que Ebisu não dá o peixe, mas
ensina a pescar. Ebisu também representa a honestidade.
Dizem que Ebisu é filho de
Daikokuten e muitas vezes aparecem juntos em esculturas e pinturas. Outros acreditam
que ele foi o primogênito de Izanagi e Izanami, os deuses primordiais do Japão.
Curiosidade: O deus Ebisu também dá
nome a uma cerveja popular no Japão, chamada Yebisu (forma arcaica de Ebisu, em
que não se pronuncia o “y”). A empresa Sapporo, antiga Japan Beer, criou a
cerveja Yebisu no final do século XIX, na época em que a maior parte das
fábricas da empresa se concentrava na região sudoeste de Tóquio, onde foi
construída a estação de trem de mesmo nome. A antiga fábrica de cerveja
atualmente é ocupada pelo museu que leva o nome de Ebisu.
Fukurokuju (福禄寿) – Deus da sabedoria, longevidade
Este deus tem origem chinesa, seu
nome é composto pelos ideogramas: Fuku (felicidade), Roku (riqueza) e Ju (vida
longa). Este sábio chinês simboliza também a sabedoria, além de ser associado a
popularidade.
Muitas vezes confundido com Jurojin
por apresentar características parecidas, como: longa testa, possuem barba
branca e comprida, são carecas e vestem roupas típica de um velho sábio chinês,
além disso carregam um cajado, um pergaminho e uma garça um dos animais que simbolizam
a vida longa e sabedoria. O que diferencia os dois é a garafa de sake que
jurujin carregava enquanto fukurokuju carregava um leque cerimonial.
Fukurokuju é o único que tem a
capacidade de ressuscitar os mortos e de sobreviver sem comer.
Acreditar-se que passar a mão na
careca deste deus pode trazer sabedoria. E ganhar uma estatueta traz
popularidade e garante a longevidade.
Hotei (布袋) - Deus da abundância e da felicidade
Conhecido como Buda risonho ou
“Buda Gordo” tem sua origem na China. Este monge budista carrega consigo um
saco de pano onde distribui alimentos e outros presentes para os pobres, seria
o papel Noel do presente. Além disso, também anda com um leque que representa a
autoridade de conceder desejos. Considerado com uma divindade da felicidade,
boa fortuna e da benevolência. Suas características básicas são: careca,
baixinho, roupa caindo pelos ombros, com uma grande barriga que simboliza seu
grande coração, além de ser muito amado pelo povo.
Podemos encontrar sua imagem em
restaurantes, lojas, templos e amuletos. Sua imagem remete satisfação e
representa grandiosidade de espírito. No ocidente ele é confundido com o Buda
Siddartha Guatama. Segundo a crença popular, apreciar ou ter uma estatueta de
Hotei espanta as preocupações e esfregar sua barriga traz sorte e saúde, e
contemplar sua figura espanta as preocupações. Hotei possui um ar de “inocência
iluminada”.
Para os japoneses, o “hara”
(ventre) representa o coração e a personalidade, portanto, devido a seu vasto
“hara”, ℍ𝕠𝕥𝕖𝕚 possui uma
grandiosidade de espírito. Segundo a crença popular, esfregar sua barriga traz
sorte e saúde. Dizem que Hotei tem recurso interior para todos que queiram
atingir a serenidade completa e sabedoria búdica.
Jurojin ou Juroujin (寿老人) - Deus da longevidade e da Sabedoria
Considerado como deus da
longevidade, da sabedoria, e também da ecologia, por estar sempre viajando acompanhado
de animais como: garça tipo grou (tsuru), um veado e uma tartaruga que no Japão
simbolizam vida longa. Este deus é caracterizado por um idoso com longa barba
branca, cabeça alongada e careca, vestido como sábio chinês, sempre sorridente
segurando um cajado e um pergaminho pendurado onde contêm as escritas da
sabedoria do mundo e o segredo da longevidade. Muitas vezes é confundido com o
deus Fukurokuju por causa das semelhanças físicas.
Os sete deuses da sorte são
representados a bordo de um barco do tesouro (em japonês, “takarabune”) e são
retratados juntos em pinturas, esculturas, músicas e danças. No Japão, muitos
templos e santuários são dedicados a um dos deuses e, raramente, ao grupo todo.
Sobre os Takarabune e Takaramono
No Japão acredita-se que no ano
novo, os sete deuses vêm ao reino terrestre tripulando o “takarabune”,
navio dos tesouros, trazendo consigo seus “takaramono” (tesouros), itens
mágicos são eles:
Kakuregasa: Chapéu da
invisibilidade, quem o usar tem o poder de ficar invisivel. Este artefato
figura em inúmeros contos e lendas antigas do Japão.
Orimono: Rolos de brocado. Tecidos
finos e bordados, portanto extremamente preciosos.
Kanebukuro: Bolsa inesgotável, uma
bolsa que pode conter ouro, amuletos, perfumes. Essa bolsa traz boa sorte pois
nunca se esvazia.
Kagi: Chave para o “depósito”
de tesouros dos Deuses. Como a sua fortuna é infinita, traz boa sorte.
Makimono: Significa literalmente “coisa enrolada”.
Esses seriam os pergaminhos da longevidade e sabedoria.
Uchide no kozuchi: Martelo mágico.
presente em muitas histórias e lendas japonesas, antigas e também figura nas
mais atuais, esse martelo teria o poder de conceder desejos.
Kakuremino: Capa de chuva da
invisibilidade. Mino significa palha, que era usada como material
para fabricar capas de chuva na antiguidade.
Hagoromo: A palavra combina
“pena de pássaro” e “túnica humana”. O hagoromo é muito bonito e concede a seu
usuário o poder de voar. Hagoromo também é o nome dado as vestes de uma “Tennin”,
(espírito angelical feminino) que voa e vive no “paraíso” budista.
Nunobukuro: Grande saco de pano, que nunca se esvazia
As imagens dos Shichifukujin são vistas por todo o Japão, como estátuas de pedras, esculturas em madeira, gelo, acrílico e nos mais variados materiais e pinturas.
Superstições
Faz parte da tradição, antes de se
deitarem, as crianças colocam a imagem dos deuses sob o travesseiro para
garantir um Ano Novo feliz e próspero.
Os costumes não são adotados somente
pelas crianças. Durante os primeiros 7 dias do ano, famílias inteiras vão
visitar templos e santuários para demonstrar respeito ao Shichifukujin.
7 deuses da sorte...
7 ervas no dia 7 de janeiro
Toda cultura tem um pouco de
superstição. Nelas, os números têm significativa importância, tendo os da sorte
e do azar.
No Japão, os números 4 (pronunciado
"shi") e 9 (pronunciado "ku") são considerados de azar, por
causa da pronúncia. "Shi" significa, também, morte e "ku",
agonia ou tortura.
7 é um número auspicioso em quase
todos os países do mundo, não sendo exceção no Japão. Este número cheio de
mistérios é incluído em vários termos, por exemplo: 7 maravilhas do mundo, 7
pecados mortais, 7 reencarnações da alma para alcançar a iluminação (de acordo
com o budismo japonês), 7 virtudes, 7 mares, 7 dias da semana, 7 cores, 7
anões, etc... Além disso, no japonês arcaico, o ideograma que representava a felicidade
era formado por três números 7.
Nanakusa Gayu (七草粥) – Mingau de arroz com 7 ervas da Primavera
Além disso, no Japão, há o costume
de comer o mingau ou sopa de arroz com 7 ervas no dia 7 de janeiro. Todos os
anos, no dia 7 de janeiro, os japoneses observam uma tradição conhecida
como Nanakusa no Sekku (七草の節句), ou Festival das Sete Ervas, comendo
um mingau de arroz saudável chamado nanakusa gayu (七草粥).
Acredita-se que esse costume consagrado traz boa saúde e afasta os maus
espíritos durante o resto do ano.
Também chamado de "Haru
no Nanakusa" (春の七草) ou sete ervas da primavera, acreditam os praticantes,
removem o mal do corpo e previnem doenças. Como se comem e bebem demais no
primeiro dia do ano, o mingau de 7 ervas é uma refeição que serve para
reabastecer o corpo com a energia da natureza, saudável, além das vitaminas que
o prato oferece.
A prática veio da China ao Japão,
onde havia o costume de comer ervas recém-colhida no início do ano novo.
Essas
ervas são: seri (salsa), nazuna (bolsa de pastor), gogyou, hakobera
(stellaria), hotokenoza (semelhante a dente-de-leão), suzuna (nabo) e suzushiro
(rabanete)
Acredita-se que comê-los no dia 7
de janeiro, atrairá boa sorte, saúde e ajudará a afastar todo o mal do corpo e
doenças. Além disso, é uma refeição saudável e natural que oferece muitas
vitaminas e energia. No dia 7 de janeiro é declarado o fim do OShougatsu (正月)
no Japão.
Referencias:
Site: aliança cultural
https://www.japaoemfoco.com/shichi-fukujin-os-7-deuses-da-sorte/
https://arquivodacat.com/sete-deuses-da-sorte-japoneses-shichifukujin/
https://www.japan-experience.com/plan-your-trip/to-know/understanding-japan/shichifukujin
https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12053/os-sete-deuses-da-sorte/
https://www.japaoculturaeturismo.com/2012/01/7-deuses-da-sorte-7-ervas-no-dia-7-de.html
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